Filipe Martins nega envolvimento no suposto ‘coup draft’ em depoimento ao STF

Filipe Martins nega envolvimento no suposto ‘coup draft’ em depoimento ao STF set, 28 2025

Depoimento no Supremo Tribunal Federal

Na tarde de 24 de julho, Filipe Martins foi ouvido pela Corte Suprema em um momento considerado decisivo da investigação sobre a suposta tentativa de golpe que teria ocorrido após as eleições de 2022. O ex‑assessor especial de Assuntos Internacionais de Jair Bolsonaro respondeu a perguntas dos ministros e de representantes da acusação, sempre insistindo que nunca teve contato com o documento que a Polícia Federal descreve como um "coup draft" de dez páginas.

Segundo o depoente, a primeira vez que tomou conhecimento do suposto rascunho foi por meio de reportagens de imprensa. "Não recebi nenhum e‑mail, não participei de reunião nenhuma sobre o tema, não assinei nada", declarou, reforçando que o chamado rascunho não integra os autos do processo, embora a PF o cite como prova de planejamento para a prisão de autoridades.

O assessor ainda refutou a alegação de que teria comandado o “núcleo jurídico” da operação, qualificando a acusação como “infundada”. Em resposta, o Ministério Público manteve que há indícios de que o documento fazia parte de um esquema mais amplo, envolvendo também membros do ex‑governo e dirigentes militares.

Implicações, estratégias de defesa e próximos passos

Implicações, estratégias de defesa e próximos passos

O depoimento de Martins faz parte da fase de interrogatório dos réus que compõem o chamado "Núcleo 2". Enquanto o "Núcleo 1" — que inclui o ex‑presidente Jair Bolsonaro e sete demais acusados — já teve seus integrantes ouvidos no mês anterior e atualmente aguarda os argumentos finais, o grupo de Martins ainda tem por vir o julgamento de mérito, previsto para o segundo semestre de 2025.

A defesa adotou postura agressiva desde o início. Imediatamente após a convocação, o advogado de Martins protocolou um mandado de segurança ao próprio STF, solicitando a anulação da ação com base em alegações de nulidade processual. O pedido foi distribuído ao ministro André Mendonça, que ainda não se pronunciou.

As acusações que pairam sobre os réus são variadas e graves: organização criminosa armada, tentativa de abolir violentamente a ordem democrática, crime de golpe de Estado, dano qualificado através de violência e ameaça séria, além de deterioração de bem cultural tombado. Caso condenados, os acusados podem enfrentar penas que chegam a 30 anos de reclusão, além de perda de direitos políticos.

Especialistas em direito constitucional apontam que o caso representa um dos maiores testes à estabilidade institucional do país nos últimos anos. "Se a Justiça conseguir provar a existência de um plano estruturado, isso pode abrir precedentes para responsabilizar figuras políticas de alto escalão por atos antidemocráticos", comenta a professora Ana Lúcia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Para o público, o processo tem gerado grande expectativa. As redes sociais se encheram de debates acalorados sobre a legitimidade do julgamento, a presunção de inocência e a necessidade de proteger a democracia. Enquanto isso, os tribunais continuam a analisar documentos, escutas telefônicas e mensagens de aplicativos, buscando confirmar ou descartar a teoria da conspiração envolvendo o “coup draft”.