Justiça nega liminar da BRK e mantém revogação do aditivo em Blumenau

Justiça nega liminar da BRK e mantém revogação do aditivo em Blumenau out, 7 2025

Quando BRK Ambiental tentou impedir a revogação do 5º Termo Aditivo ao contrato de esgoto, a Justiça petulantemente disse não. O pedido, feito por meio de liminar, foi julgado pelo magistrado Bernardo Augusto Ern, da 3ª Vara da Fazenda Pública de Blumenau, que manteve a decisão do Egídio Ferrari, prefeito da cidade, de cancelar o aditivo que permitiria um aumento tarifário de 10,72% nos valores cobrados dos usuários.

Contexto da revogação do 5º aditivo

Na sexta‑feira, 8 de setembro de 2024, a Prefeitura de Blumenau notificou oficialmente a anulação do aditivo que havia sido firmado em 2022 com a BRK Ambiental. O movimento foi impulsionado por um relatório de auditoria técnica entregue ao fim de agosto, o qual apontou uma suposta vantagem econômico‑financeira indevida no valor de R$ 27.567.317,38. A auditoria foi preparada pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), órgão responsável pela operação e fiscalização do sistema de esgotamento sanitário.

Decisão judicial e fundamentos legais

Ao analisar o mandado de segurança interposto pela BRK Ambiental, o juiz Ern invocou a Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal, que reconhece o poder da administração pública de revisar seus próprios atos quando comprovado o interesse público. O magistrado deixou claro que a revogação “se ampara no princípio da supremacia do interesse público, sobretudo para evitar enriquecimento ilícito da concessionária e coibir aumento tarifário desproporcional”. Além disso, afastou a alegação de violação ao contraditório, ressaltando que a prefeitura instaurou novo processo administrativo, garantindo à concessionária *pleno* exercício da defesa.

Ação popular e o debate sobre o aumento de tarifas

Paralelamente, no dia 14 de setembro de 2024, a Justiça negou outra liminar que visava suspender o reajuste anual de esgoto. A ação popular foi movida pelo vereador Jean Volpato, do PT, que contestou a soma do índice IPCA (5,2% – calculado pela AGIR) com o acréscimo de 10,72% previsto no aditivo, totalizando 15,92% de aumento. Volpato argumentou que a medida “viola frontalmente os limites regulatórios da Agir, afronta o pacto contratual e contraria os princípios constitucionais da legalidade, moralidade, razoabilidade e modicidade tarifária”.

O papel da CPI do Esgoto

O papel da CPI do Esgoto

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Esgoto, criada pela Câmara Municipal de Blumenau em julho de 2024, trouxe à tona documentos que reforçaram a suspeita de benefício econômico indevido à concessionária. Entre os parlamentares que se destacaram estão os vereadores Jean Volpato e Adriano Pereira (ambos PT), bem como Gilson (União), que atuou como observador mesmo fora da composição oficial da comissão. A CPI recomendou a revisão contrratual e a adoção de mecanismos de controle mais rígidos.

Repercussões políticas e sociais

O desfecho judicial gerou reações distintas. Enquanto a oposição municipal celebra a manutenção da revogação como vitória da cidadania, representantes da BRK Ambiental alegam prejuízos financeiros que podem comprometer investimentos em infraestrutura. Moradores, por sua vez, comemoram a proteção contra um aumento tarifário que, segundo eles, seria “inacessível” para famílias de baixa renda. Nas redes, o termo "enxugamento" voltou a aparecer, referindo‑se à suposta tentativa da concessionária de “espremer” o consumidor.

Próximos passos e implicações para o futuro

Próximos passos e implicações para o futuro

O juiz Ern concedeu à Prefeitura e ao Samae um prazo de 10 dias para apresentar informações complementares. Enquanto isso, a ação popular de Volpato segue em trâmite, e a prefeitura deve decidir se mantém o reajuste baseado apenas no IPCA ou se abre nova negociação com a concessionária. Analistas de mercado alertam que a decisão pode servir de precedente para outros municípios do Vale do Itajaí, que também têm contratos de concessão de esgoto.

Perguntas frequentes

Qual foi o fundamento jurídico usado para manter a revogação?

O magistrado citou a Súmula 473 do STF, que autoriza a administração a rever atos próprios quando houver interesse público, além de garantir o contraditório ao abrir novo processo administrativo.

Quanto representa o aumento de 15,92% nas notas de esgoto?

O cálculo soma o IPCA de 5,2% (definido pela AGIR) com o acréscimo de 10,72% previsto no 5º Termo Aditivo, resultando em um reajuste total de 15,92% sobre a tarifa vigente.

Quem compôs a CPI do Esgoto e qual foi seu papel?

A comissão contou com os vereadores Jean Volpato, Adriano Pereira e o professor Gilson (como observador). Ela investigou supostos desvios financeiros e recomendou a revisão do contrato com a concessionária.

Qual o impacto esperado para os consumidores se o aumento for mantido?

Um acréscimo de quase 16% pode elevar a conta de esgoto em cerca de R$ 30 a R$ 40 mensais, pressionando famílias de baixa renda e potencialmente gerando inadimplência.

Quais são os próximos procedimentos judiciais?

A Prefeitura e o Samae devem responder ao juiz dentro de 10 dias. Enquanto isso, a ação popular de Volpato segue em análise, e a concessionária pode buscar nova compensação via arbitragem.

7 Comments

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    Luziane Gil

    outubro 7, 2025 AT 22:09

    É realmente reconfortante ver a Justiça atuando em defesa dos usuários de esgoto. A decisão evita um aumento tarifário que poderia pesar demais nas famílias de baixa renda. Além disso, a revogação do aditivo demonstra que a administração municipal está atenta à transparência dos contratos. O esforço da CPI do Esgoto também trouxe luz às irregularidades apontadas. Continuemos acompanhando os próximos passos para garantir que o serviço continue adequado.

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    Cristiane Couto Vasconcelos

    outubro 14, 2025 AT 02:57

    Concordo totalmente a decisão protege o bolso dos moradores. A transparência nos contratos é fundamental.

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    Deivid E

    outubro 20, 2025 AT 07:45

    Esse aumento era um absurdo e a liminar não podia ser aceita

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    Joseph Dahunsi

    outubro 26, 2025 AT 12:33

    Vcs tão certxs de q a BRK vai fechar agora? 😂 eu acho q ainda tem q ter solução, senão a população paga mais conta. prciso mexer nos números pra ver o real impacto.

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    Fellipe Gabriel Moraes Gonçalves

    novembro 1, 2025 AT 17:21

    Olha só, a gente sempre esquece o quanto a conta de esgoto pode subir quando tem reajuste exagerado. Vamo ficar de olho nas próximas negociações pra não cair numa armadilha. É bom que a gente tenha a CPI pra fiscalizar tudo.

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    Rachel Danger W

    novembro 7, 2025 AT 22:09

    O que ninguém fala é que tem um grande esquema por trás disso, das empresas que só querem explodir a grana da população. Parece até um teatro onde os verdadeiros roteiristas nunca aparecem. Mas a gente não vai deixar eles nos manipular.

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    Jeff Thiago

    novembro 14, 2025 AT 02:57

    A jurisprudência consolidada sobre a revisão de atos administrativos impõe limites estritos que precisam ser observados pelos gestores públicos.
    No caso em tela, a invocação da Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal encontra respaldo na doutrina majoritária.
    Ademais, o princípio da supremacia do interesse público foi devidamente mencionado pelo magistrado ao afastar qualquer alegação de violação ao contraditório.
    É mister considerar ainda que o processo administrativo subsequente garantiu a plena defesa da concessionária, conforme preconiza o artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal.
    O relatório de auditoria que apontou vantagem econômico‑financeira indevida deve ser analisado com o devido rigor técnico e contábil.
    A magnitude do valor apontado, R$ 27.567.317,38, revela a necessidade de mecanismos de controle mais robustos nos contratos de concessão.
    A atuação da CPI do Esgoto, ao trazer documentos e testemunhos, reforça a transparência exigida pelo princípio da legalidade.
    Contudo, não se pode desconsiderar o impacto potencial sobre os investimentos futuros da concessionária em infraestrutura.
    A ruptura de receitas pode acarretar atrasos em obras de expansão e manutenção, prejudicando a qualidade do serviço prestado.
    Por outro lado, o aumento tarifário de 15,92 % poderia gerar inadimplência massiva entre as famílias de baixa renda.
    Estudos econômicos demonstram que reajustes superiores a 10 % em tarifas essenciais costumam provocar aumento da taxa de inadimplência acima de 20 %.
    Assim, a balança entre preservação do interesse público e viabilidade econômica da prestação de serviços revela-se delicada.
    É imprescindível que o município, o SAMAE e a concessionária busquem um acordo que contemple mecanismos de modicidade tarifária.
    A eventual adoção de cláusulas de revisão periódica poderia mitigar riscos futuros e garantir estabilidade para ambas as partes.
    Em síntese, a decisão judicial está alinhada com o ordenamento jurídico, mas sua implementação prática requer cauto planejamento e diálogo entre todos os atores envolvidos.

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