Ambipar pede recuperação judicial e Chapter 11 após swaps irregulares

Ambipar pede recuperação judicial e Chapter 11 após swaps irregulares out, 22 2025

Quando Ambipar Environment Solutions S.A. entrou com pedido de recuperação judicial na 3ª Vara Empresarial de Rio de Janeiro na madrugada de 20 de outubro de 2025, o mercado sentiu o impacto imediato. A empresa, que também solicitou proteção sob o Chapter 11 nos Estados Unidos, citou "irregularidades" em operações de swap realizadas pela antiga diretoria financeira, liderada pelo então diretor João de Arruda. O drama financeiro arrastou credores como o Deutsche Bank, que exigiu o pagamento antecipado de dívidas bilionárias, gerando uma crise de caixa que ameaçava R$ 10 bilhões em pagamentos imediatos.

Contexto da crise e pedido de recuperação

O pedido judicial, registrado sob o número 3014764-58.2025.8.19.0001, foi apresentado em caráter emergencial pelo Conselho de Administração, que temia o colapso da liquidez da companhia. Na mesma data, a controlada Ambipar Emergency Response entrou com falência nos EUA, buscando a mesma proteção prevista no Chapter 11. O objetivo, segundo advogados da empresa, é reestruturar a dívida e manter as operações essenciais, que empregam mais de 15 mil pessoas em 15 países.

Irregularidades nas operações de swap e mudança de CFO

O gatilho para a decisão foi a descoberta de indícios de fraude nos contratos de swap de crédito, contratos que deveriam proteger a empresa contra variações de taxa de juros. A investigação apontou que a diretoria financeira teria autorizado swaps sem a devida aprovação interna, elevando o risco de perdas abruptas. Quando João de Arruda deixou o cargo no fim de setembro, o novo diretor financeiro, Ricardo Garcia, herdou um cenário de exigências de garantias adicionais por parte dos credores.

Em comunicado oficial, a Ambipar informou que contratou a consultoria internacional FTI Consulting para conduzir uma auditoria forense e mapear responsabilidades. A auditoria ainda está em fase preliminar, mas já identificou que alguns contratos de swap foram negociados a valores acima do mercado, favorecendo partes internas.

Reação do mercado e dos credores

Na manhã de 20 de outubro, as ações da Ambipar (AMBP3) abriram em queda de quase 14% na B3 e fecharam desidratadas, 29,31% abaixo do preço de abertura, cotadas a R$ 0,41 – menos de cinquenta centavos. A queda segue um caminho vertiginoso: há duas semanas, as ações já haviam despencado de R$ 10,58 para R$ 0,58. O movimento fez com que a companhia fosse excluída de nove índices da Bolsa, reflexo da perda de confiança dos investidores.

O Deutsche Bank, principal credor, ameaçou acionar cláusulas de vencimento antecipado nos contratos derivativos, caso a Ambipar não apresentasse garantias adicionais. Essa pressão aumentou a urgência da recuperação judicial, que agora inclui a criação de um Conselho Fiscal, conforme previsto na lei brasileira.

Impacto nas operações e nos empregos

Impacto nas operações e nos empregos

Apesar da turbulência financeira, a Ambipar garante que suas atividades essenciais continuam inalteradas. A empresa atua em setores críticos como resposta a emergências ambientais, gestão de resíduos e limpeza industrial. Em 2024, registrou receita líquida de R$ 7,2 bilhões e mantém presença em 15 países das Américas. A diretoria enfatizou que milhares de empregos estão sendo preservados, embora ameaças de cortes ainda pairem se a reestruturação não avançar.

Analistas de mercado apontam que a empresa pode aproveitar o processo de recuperação para renegociar dívidas com juros menores e focar em ativos mais rentáveis. A história recente de aquisições – cerca de 70 desde 2015 – demonstra um crescimento agressivo que, sem controle adequado, pode ter gerado vulnerabilidades de governança.

Próximos passos e avaliação de especialistas

Nos próximos dias, a Ambipar realizará uma Assembleia Geral Extraordinária para validar a criação do Conselho Fiscal e aprovar o plano de recuperação. Enquanto isso, as autoridades brasileiras já abriram investigação criminal para apurar possíveis crimes financeiros cometidos por ex-dirigentes. O Ministério Público Federal indica que, se comprovada a fraude, os responsáveis podem enfrentar penas de prisão e multas.

Especialistas em direito empresarial recomendam que a empresa adote práticas de transparência mais rígidas e reforçe os controles internos de risco. "A situação é crítica, mas não irreversível. Uma recuperação bem estruturada pode permitir que a Ambipar volte a crescer de forma sustentável", comenta a professora de Direito Empresarial da FGV, Ana Lúcia Ribeiro.

  • Pedido de recuperação judicial protocolado: 20/10/2025
  • Número do processo: 3014764-58.2025.8.19.0001
  • Queda das ações: 29,31% – preço final R$ 0,41
  • Dívida em risco: R$ 10 bilhões
  • Credores principais: Deutsche Bank e investidores institucionais

Perguntas Frequentes

Como a recuperação judicial afeta os credores da Ambipar?

Os credores ficam sujeitos ao plano de recuperação que pode incluir prazos maiores, descontos nos juros ou conversão de dívida em participação acionária. O objetivo é evitar a falência e garantir pagamento parcial ao longo do tempo.

O que são swaps e por que eles geraram problemas?

Swaps são contratos derivativos que trocam fluxos de caixa – como taxa fixa por variável. Na Ambipar, foram usados sem a devida aprovação, expondo a empresa a variações de juros desfavoráveis e a perdas financeiras significativas.

Quais são as perspectivas para os funcionários da empresa?

A diretoria assegura que as operações essenciais continuarão, preservando milhares de empregos. No entanto, se a reestruturação falhar, cortes de pessoal poderão ocorrer em áreas consideradas não‑essenciais.

Qual o papel da FTI Consulting no processo?

A FTI Consulting foi contratada para conduzir uma auditoria forense, identificar responsáveis pelas irregularidades nos swaps e ajudar a elaborar um plano de recuperação que satisfaça credores e reguladores.

O que pode acontecer se a empresa não conseguir o acordo de recuperação?

Sem acordo, a Ambipar pode entrar em falência nos EUA e ter ativos liquidados no Brasil, o que provocaria perdas ainda maiores para credores e risco de desemprego em larga escala.

1 Comments

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    Priscila Galles

    outubro 22, 2025 AT 20:18

    Olha, pra quem quiser entender o que são swaps, basicamente são trocas de fluxo de caixa que servem pra proteger contra variacões de juros.

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